sexta-feira, 24 de julho de 2009

Dani Kerouac


Minha mãe e eu estávamos na mesa da cozinha da antiga casa (incrível como esse lugar vira-e-mexe volta aos meus sonhos). Lembro do cheiro do café que tomávamos com pão e manteiga enquanto conversávamos. “A gente precisa combinar logo, antes que ele chegue, pra não deixá-lo desconfiado”, ela disse. Mal terminou a frase ouvimos passos vindos da sala. É Jensen. Lindo, com aquele meio sorriso, quando ele levanta só o cantinho esquerdo da boca, com um jeito moleque-sedutor, se é que me entendem, e aquele jeito “cambota” de andar com suas pernas tortas que eu adoro. Se aproxima de mim, me abraça por trás, dá um beijo no alto da minha cabeça e assim ficamos, juntinhos. Olho pra minha mãe que sorri tranquila.


Pena que foi sonho. Apesar de vívido. Duas pessoas que eu gostaria de ter junto a mim, mas nunca vou ter a chance.


(Dani Kerouac porque resolvi começar a anotar meus sonhos depois de ler O Livro dos Sonhos, de J. Kerouac... que fica aqui recomendado, by the way)

Vento Gonçalves.

Há uns três, quatro anos, meu amigo Deivi, lá de Santa Cruz, fez pra mim um sino dos ventos de bambu. Lindo! Então, agora que estou morando em uma casa e tenho a possibilidade, resolvi aproveitar e pendurá-lo na área. Resultado: não durmo há três dias. Ou três noites, melhor dizendo. Sempre achei que o barulhinho de um sino dos ventos tivesse o objetivo de acalmar, além de levar as energias ruins para longe, misticamente falando, mas eu, por enquanto, só tenho me assustado com o som que ele produz. Isso que é de bambu, imaginem se fosse daqueles de metal. Mas como sou teimosa e o sino dos ventos é mesmo lindo, vou insistir um pouco mais antes de pendurar o coitado dentro de casa. Mesmo morando em uma cidade que deveria se chamar Vento Gonçalves, em vez de Bento Gonçalves, pois descreveria melhor.

Um gato me tem.




Ele é loiro, lindo, olhos claros e adora ficar aconchegado. Entrou na minha vida sem ser convidado depois de ter sido abandonado com menos de um mês de vida e me conquistou com um simples “mi”. Damasco, que em setembro completa quatro anos, não tem raça definida, mas isso não o impede de ser elegante e exibido.
Costumo brincar que o Damasco é filho de Dean Winchester, personagem de Jensen Ackles em Supernatural. Tudo por causa das semelhanças, que não são poucas. Além de loiros, lindos, de olhos claros, ambos são caçadores, dorminhocos, gulosos, donos de um senso de humor muito próprio e gostam de correr riscos desnecessários só para mostrar valentia. Ambos também são rockeiros, por Deus! Damasco fica juntinho da caixa de som quando tá rolando um CD do AC/DC ou do Metallica, só curtindo. Sem contar que, com aqueles que amam, Damasco e Dean são extremamente protetores, passionais e carinhosos. Exceto, claro, quando acordam do lado errado da cama. Ai são os mais ranzinzas dos mortais. O Damasco nestas horas deixa de ser um Winchester para ser um dos vilões da história. Em dias de mau humor felino, o chamo de Yellow-Eyed Demon. Não há exorcismo em latim que dê resultado. E eu ainda levo mordida.
Sempre achei que gatos fossem arrogantes, não dessem bola pros donos. Me enganei. Tenho um que é um fofo, carinhoso, companheiro e apegado. Por vezes até demais. Se saio de casa sem dizer um “a mamãe já vem”, é choradeira na certa. Quando volto da rua depois de um tempo fora, está a minha espera na porta para dar boas-vindas. Enfim, agora que vocês já conhecem o sapeca. Logo, logo vou contar algumas de suas peripécias por aqui.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Bateu desespero.

Então. Como eu acabo de descobrir que não tenho direito a seguro-desemprego, vim aqui para pedir aos meus leitorinhos, se ainda tenho algum, uma oração, um bilhete premiado da mega ou, se for um cara rico, um pedido de casamento. Sozinha, sem emprego e com aluguel pra pagar... enfim.

Só a oração serve.
E compreensão pelo meu sumiço, pois não tenho internet em casa.

Bjos e até a volta. Com boas notícias, espero.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Me dá náusea.

As crianças de hoje me assustam. Elas andam espertas demais. Não é de estranhar, afinal, a informação está ao alcance das mãos de todos, não importa o comprimento do braço. A mais recente causa de meu espanto veio de Rio Pardo. Minha amiga Juciele tem uma filhinha de três anos, a Eduarda. Pois a menina tem um desvio em uma ou duas vértebras, não lembro bem, que vira-e-mexe causam dor na “toluna” dela. Não bastasse ela saber o que é coluna, dia desses a Eduarda surpreendeu todo mundo com uma queixa incomum para alguém de sua idade. “Mãe, tô com náusea.” Pode? Três anos e diz que tá com náusea! Pior: quando perguntada sobre o que é náusea, ela responde. “É um enjoo.”
Enquanto isso, muitos adolescentes por aí surpreendem com suas redações de vestibular. Mas pelo motivo oposto: falta de qualidade, quase analfabetismo. Eu, sinceramente, não sei para onde esse Brasil vai. E acabo com náusea também.

Sobre saber respeitar.

Aproveitei o desemprego para ficar doente, já que não posso enquanto trabalho, justamente por medo de ser demitida. Não adiantou, mas enfim, o que vale é o esforço. Pois bem, passei três dias inteiros na cama por causa de uma gripe, não a suína, apesar de eu ser palmeirense. Gripe mesmo. E como não sei ficar sem fazer nada, exceto quando estou dormindo (e olha lá, que às vezes bato um papinho), usei esse tempo para ouvir música e ler. Me chamou a atenção um texto de Rubem Alves chamado O Silêncio. Por causa deste trechinho aqui, ó:
“Não ser obrigado a conversar é uma felicidade. É raro que as pessoas entendam isso. Eu iria dar uma fala, faltava ainda meia hora e procurei um lugar escondido onde pudesse ficar quieto com os meus pensamentos. Achei-o sob uma escada, quase invisível e ali me escondi. Foi então que uma pessoa delicada me viu ali sozinho e bondosamente pensou: ‘O professor Rubem Alves está abandonado...’ Dois minutos depois meu refúgio estava cheio de pessoas falantes que destruíram a minha solidão... Os tagarelas alegres são emissários do demônio porque com suas palavras tolas eles nos tiram das águas profundas em que nos encontrávamos.”
Gostei particularmente deste pedaço porque também sou vítima desse tipo de gente. Não posso ficar um pouco quieta que algumas pessoas acham que estou deprimida. Embora eu ame estar entre amigos, sair para passear, cinema, barzinho, também amo ficar em casa. Mas não posso confessar que sinto prazer em estar sozinha com meus livros, músicas, seriados, que me acusam de ser reclusa. Porque os “tagarelas alegres” confundem estar só com ser solitário, e acham que estar em silêncio é sinônimo de ser depressivo.Eu me considero uma pessoa feliz. Tem horas que fico um pouco triste sim, ué, sou humana, tenho problemas, às vezes me abalo, ué, sou humana. Só que tem gente que acha valorizar as coisas simples é ser medíocre, que não sabe fazer uma brincadeira sem ser estúpida e que não sabe respeitar o jeito de ser de quem está ao lado. Tenho pena desse tipo de pessoas mas não posso fazer nada por elas. Amadurecer depende do esforço de cada um.

.