sexta-feira, 23 de abril de 2010

Nove anos sem você.

“Hoje estou triste alegre. Triste porque você se foi. Alegre porque você viveu.” Peço licença para tomar emprestadas as palavras do Rubem Alves neste dia em que se completam nove anos que perdi minha mãe. Ela que enfrentou dificuldades financeiras e preconceito para me criar sozinha e encheu nosso pequeno lar com amor, carinho e esperança. Me ensinou que valia à pena sonhar apesar de tudo; a dar valor às pequenas coisas; e que honestidade ainda é importante, apesar do mundo em que vivemos. Mesmo tendo cursado apenas até a quarta série do ensino fundamental amava ler e, com isso, serviu de exemplo para cultivar bons hábitos, como ler, ouvir música, assistir filmes, fazer artesanato. Me ensinou a amar a natureza e os animais. Me protegeu até onde pôde da maldade das pessoas mas, quando fui machucada, ela sempre esteve lá para me dar apoio e ajudar a curar as feridas.
Quando eu tinha crises de asma no meio da noite fria, era ela quem me carregava no colo até hospital, já que não tinha dinheiro para o táxi. Era ela quem encapava meus cadernos com papel de presente estampados de bichinhos para deixar meu material escolar bonito e bem-cuidado. Foi ela quem batalhou por uma bolsa de estudos em uma escola particular, para que eu tivesse a educação que ela não teve, para não ter que passar pelas dificuldades que ela passou. Ela que sempre foi honesta comigo e me deixou à vontade para conversar sobre tudo, inclusive sobre sexo. Ela foi a única da família a ficar do meu lado quando decidi fazer faculdade, enquanto os demais achavam que eu deveria pôr freio nos meus sonhos.
Só Deus sabe a saudade que eu sinto, a falta que ela me faz. Sei que um dia nos encontraremos novamente, mas tem horas que nem essa certeza me conforta. Sinceramente, hoje agradeço por ela ter partido numa época de minha vida em que eu estava bem, feliz, com sonhos realizados e cheia de planos. Feliz por ela não estar aqui agora, presenciando minha coleção de fracassos. Mas, certamente, se ela estivesse comigo, eu teria mais forças para continuar lutando, para continuar sonhando, para seguir em frente sem me sentir assim, tão desamparada. Ainda bem que pelo menos o amor é para sempre.

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